domingo, 23 de novembro de 2014

É complicado...depois de mais de 1 ano:

É complicado...

Numa devastada fotografia, me encontrava beirando a morte. Depois de algumas literaturas, em processos de vida – e morte – tenho essa grande inquietude sobre a finalização do ser. Como tudo em vida que fiz até agora, nada, nenhum estudo, foi, de fato, organizado. Tudo é muito confuso, inacabado. Penso na morte como uma amiga, como conselheira, como saber, como escravidão, como nefasta. Sei que penso, acho que existo e o processo de aceitar que a minha ótica, como de qualquer um, particular cria o mundo está sendo foda.
A imagem que criei do meu processo literário é de uma estante sem nenhum livro. Várias capítulos em pilhas de a4. Formam muito mais do que uma dezena de livros, mas assimilados em ordem aleatória, porém com muito sentido e narrativa. Quem dera fosse uma xerox universitária, aonde é provável que os textos se percam, mas as pastas organizam minimamente a inquietude da natureza humana: a dissertação. Podia ser também uma puta biblioteca, organizada por autores; com notas de ano de publicação; com referências gráficas de capas; com exatidão singela de saber SOBRENOME, Nome; talvez com um humor maléfico de quem sempre rebaterá com uma citação underground e acabará com um diálogo. Infelizmente, não consegui preencher o fetiche acadêmico – ainda não.
A morte como companheira surge de uma ideia da aceitação do inevitável. De uma coexistência menos dramática do que o medo, mas não menos respeitosa e ardente do que o temor. É uma amiga de verdade, que também o acompanha nos momentos felizes. As sensações, intangíveis na gramática, tem esse dom. A tradução incompleta seria a angústia, uma tentativa de subversão da natureza da comunicação.

terça-feira, 12 de março de 2013

Brainstorm na madruga...lente sem foco

Difícil.

As mudanças são difíceis. A quebra da inércia é uma ruptura gigante, assim como a quebra do silêncio. Mas o silêncio tem sido o mais difícil e viável. Dicotomia boba, dubiedade de sentimentos.
Pares, supostos pares. Alinhamento de expressividade, sem convergência de assuntos. Retórica boba e alucinante.
Falta, lacunas do acaso. Muitos pressupostos, poucas conclusões. Grilos e giros de pensamento.
Ciclicidade escancarada, diversidade e abordagem rasa. Frases curtas. Citações sem citados, nem ditados.
Evasivo. Disperso. Invasivo; não pessoal.

Enquanto vemos o narcisismo em alta...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ribança da vida e a solidão de ser feliz

- As vezes eu me sinto como uma criança.
- É como redescobrir o que se aprendeu.

Numa janela vazia saía João. O único filho de Lurdes, esposa do
Cabral. Ele passou a infância inteira atrás de grades. Cada fio de
ferro era transparente, o que fazia ela mais poderosa ainda. As
amarras com o tempo foram se soltando, talvez um pouco antes dele sair
da grade, mas essa é outra história. Às vezes os pedaços transparentes
ficavamm mais escuros, mas João estava acostumado com as visões e
depois de pouquíssimo tempo, desde que se entendia por gente,  já
estava completamente inconsciente.
Lá pelos 14 anos ele começou a descobrir que as suas visões se
tratavam de grades. Ele não entendia! Por que grades? Quem havia
colocados elas ali?
Até os 16 lutava contra o sentimento de normalidade em relação à sua
situação. Dos 18 aos 22 acreditou em tudo. Em tudo mesmo. Que a
verdade podia ser tudo...mas como?

Vamos voltar aos 16, desculpe. A inclinação para o que é "errado"
sempre foi uma grande questão.A sua posição pessoal forte também era.
João acreditava que "qualquer um faria aquilo" e então ele escolhia. A
equação dessas duas condições resultou em parâmetros de certo e errado
totalmente individuais, que excluíam qualquer tipo de pressão externa. Quando assimilou isso, João
começou a acreditar que as visões eram mais do que uma condição, era
outra pessoa falando dentro dele.

- Ah, tudo parece novidade e não é, mas é.Eu quero sofrer! Eu quero gritar!!!
- Você tem tudo, João. Mas ainda falta muito mais pra você ver.

E João continuou sua saga. Viveu abertamente dos 22 aos 28.Dos 30 aos
50 ele ganhou e perdeu: mulher, carro, dívida, filho, filha, no bicho,
casa, casa do campo, barba, cabelo branco. E nunca teve UM PUTO!

domingo, 5 de agosto de 2012

Essa coisa de achar certezas


Todos temos manias de certeza. Mesmo com velas, nas sombras dos pensamentos, temos certeza de algo, não duvidamos de tudo. Parece inerente ao nosso diálogo interno, explicações pautadas nesses pilares incorruptíveis. O desespero da não solidez dessas explicações nos faz desacreditar em nós quando sabemos que estamos certos e a seguir quando pressentimos o algo ruim.
Todo lixo é despejado goela abaixo. As armaduras distribuídas pra quem quiser pegar – e cada um pega a sua, sem exceção. A geração mais badalada do momento, os futuros sustentadores do caos mundial, sofre. Tem amanhã? O que aconteceu ontem? É tudo muito rápido.

quarta-feira, 14 de março de 2012

o que é valor?

Quando o cabeludo perguntou, eu sabia o que ele queria dizer. A questão naquela hora significou menos do que eu queria. Depois me assombrou por 3 dias consecutivos.

Valor é o nível de importância dado à qualquer significado que você pense. Preconceitos, conhecimento em todos os níveis, tudo. "Valor" é o reflexo do que é pensado, é a plataforma que você usa para operar o cotidiano. Cada um tem o seu, pois cada um vive a sua vida e isso não é opcional.

Respeitemos o valor dos outros, para respeitar a vida. Todos temos o direito de não acreditar na base dos outros, questionar. Mas, de uma forma ou de outra, devemos coexistir e aceitar que os valores vão ser diferentes.

Alguns defendem a arte, outros a profissão. Alguns o sistema, outros procuram, ingenuamente, defender tudo que é o contrário. Tadinhos, os "revolucionários" que tem essa tendência a defender o torto por defender mergulham no abismo da intolerância e executam os valores exatamente da mesma forma de quem os atacam: defendem a falta de reflexão.

Eu, nesse momento, prefiro defender a vivência e não dar ouvidos aos que simplesmente supõem. Ouvir, refletir e executar. Decidir o que é importante pra mim sem fazer distinção entre o que eu gosto ou não, mas o que é coerente pra mim ou não. De novo, ouvir. Só sabendo o que os outros pensam para entender os valores dos outros.

O reflexo do valor são as suas conquistas, os caminhos pelos quais percorremos. O valor é quase a matéria prima da vida, é ,ao mesmo tempo, a teoria e a prática - o que te faz e o que se faz.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

À imprensa!

Ninguém duvida que o mundo seja global. Muito menos quem impera e decide quais os cursos de globo. E a nossa amiga, a imprensa, compra a globalidade, mas não por inteiro. E não tem critério para o uso do produto. Por acaso o tema da matéria já foi trazido (tragado também funcionaria) aqui, no minha casa, sua casa. Mas ressalvo, o importante agora não é o tema, mas a abordagem jornalística num plano geral de crítica soberba e cretina da minha parte.

Por não existir mais dúvida sobre a nossa condição de “globalizado” os critérios da divisão global deveriam mudar. Na Folha de São Paulo, o membro do Conselho Editorial, Gilberto Dimenstein, conseguiu me fisgar na primeira página do portal da Folha. A manchete “O bom exemplo de Serra” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/1011285-o-bom-exemplo-de-serra.shtml). Só pela manchete eu já sentia algo que me incomodava. “Serra” somado a “bom exemplo” sem negação na sentença já me deixa com calafrios. O início do texto também. No final tive que concordar que pessoas podem achar o Serra um bom exemplo. Mas eu não acho.

Como ressalvei, o importante é a abordagem. Sendo mais específico, um termo me deixou incomodado: pioneiro. Sabendo que moramos no charmoso globo unificado por ondas de frequência, o que é ser pioneiro? Com certeza não é o que o Serra fez. Se louvamos a imagem da globalização, do “monoglobo”,temos que aprender que tomar medidas iguais a de outros países não é ser pioneiro. Em outras cidades do mundo a lei anti-fumo já tinha sido implementada, em alguns países o tabaco já foi proibido. Mal ou bem, favorecidos ou não, todos já estamos interligados.

Isso me trouxe outra reflexão: a importação é muito maior do que a gente imagina. Se antes tínhamos que estar preocupados com o que estava passando pela cabeça dos nossos representantes, hoje temos que estar em alerta o tempo todo e a todos os governantes. Medidas judiciais, manobras legislativas são como o mundo da moda. Tudo que é feito vira tendência. Idéias, ideologias, maneiras de gestão são importadas e são caras. Caras financeiramente para a organização chamada “governo” e caro para outra instituição chamada de “habitantes”. O governo gasta com a implantação, com a didática ensinada por executivos para realização do projeto de lei, desgaste político (incluí no financeiro, o político, porque também não nos iludimos mais e concluímos que no nosso arranjo, dinheiro é política e vice-versa). A população paga caro por medidas pensadas por outros. Medidas que não respeitam a cultura (lembre-se, não estou falando da medida da lei anti-fumo, mas do plano geral da abordagem), medidas que não respeitam a memória da nação. Depois reclamam que existem “leis que não pegam” no Brasil. Falam que é absurdo, que “se é lei, é lei”.

Para mim o mais importante da indignação do termo “pioneiro” foi refletir sobre as importações que acontecem aonde eu vivo. Refletir sobre o que querem passar para mim.

Dimenstein terminou sua coluna dizendo que “Está aí a importância do papel dos educadores de uma nação que não têm medo de ser pioneiros“. Eu tenho que discordar. E só discordo pelo contexto, não pela frase. Os “educadores” para serem pioneiros, devem pensar na nação cujo pioneirismo a represente.

sábado, 5 de novembro de 2011

À moda, um basta

Será que ninguém percebe que estão fazendo com o cigarro o que fizeram com a maconha?

Sou totalmente a favor da proibição do cigarro em ambientes públicos fechados, porque acredito que a escolha da fumaça é pessoal e nós fumantes tiramos essa escolha quando acendemos o dito cujo num local sem ventilação.Agora, justamente por achar isso, acredito que todo esse bombardeio é uma caça às bruxas e o primeiro passo para acabar com a opção de fumo.

Qualquer tipo de fumo. Isso é retrocesso. Proibiram a maconha por um motivo qualquer e hoje ela é demônio para várias pessoas. Foi mostrado que seu uso de forma moderada é tão nocivo quanto qualquer outro hábito que a humanidade adotou e que, ainda assim, tem seus benefícios. Para mim o tabaco é igual: se não fossem os agentes químicos que as empresas botam para viciar o usuário, o tabaco(usado moderadamente) é tão nocivo quanto qualquer outra prática do seu dia. Ninguém faz campanha para as empresas de ônibus consertarem os veículos que soltam tanto gás poluente quanto os fumantes, não vejo ninguém preocupado com a precariedade da exaustão de fumaça dos restaurantes. Por que o tabaco?

Não achem que eu sou lobista das empresas de fumo, porque também não sou a favor delas. Consumo o produto delas, mas se tivesse opção, não consumiria. Meu objetivo não é incentivar o uso do tabaco, porque sei que faz mal, mas sei também que o problema é de quem usa – no caso, problema meu. A campanha não deveria ser de combate ao fumo, mas de educação do fumante. Por favor, ensinem a gente a fabricar nosso tabaco a partir de folhas secas e puras; ensine os fumantes a fumar em ambientes ventilados e olhar ao redor garantindo que a fumaça não está incomodando; ensine as pessoas a respeitarem o próximo sob qualquer circunstância. Respeitar não é tornar todos iguais, mas saber conviver como iguais.