terça-feira, 29 de novembro de 2011

À imprensa!

Ninguém duvida que o mundo seja global. Muito menos quem impera e decide quais os cursos de globo. E a nossa amiga, a imprensa, compra a globalidade, mas não por inteiro. E não tem critério para o uso do produto. Por acaso o tema da matéria já foi trazido (tragado também funcionaria) aqui, no minha casa, sua casa. Mas ressalvo, o importante agora não é o tema, mas a abordagem jornalística num plano geral de crítica soberba e cretina da minha parte.

Por não existir mais dúvida sobre a nossa condição de “globalizado” os critérios da divisão global deveriam mudar. Na Folha de São Paulo, o membro do Conselho Editorial, Gilberto Dimenstein, conseguiu me fisgar na primeira página do portal da Folha. A manchete “O bom exemplo de Serra” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/1011285-o-bom-exemplo-de-serra.shtml). Só pela manchete eu já sentia algo que me incomodava. “Serra” somado a “bom exemplo” sem negação na sentença já me deixa com calafrios. O início do texto também. No final tive que concordar que pessoas podem achar o Serra um bom exemplo. Mas eu não acho.

Como ressalvei, o importante é a abordagem. Sendo mais específico, um termo me deixou incomodado: pioneiro. Sabendo que moramos no charmoso globo unificado por ondas de frequência, o que é ser pioneiro? Com certeza não é o que o Serra fez. Se louvamos a imagem da globalização, do “monoglobo”,temos que aprender que tomar medidas iguais a de outros países não é ser pioneiro. Em outras cidades do mundo a lei anti-fumo já tinha sido implementada, em alguns países o tabaco já foi proibido. Mal ou bem, favorecidos ou não, todos já estamos interligados.

Isso me trouxe outra reflexão: a importação é muito maior do que a gente imagina. Se antes tínhamos que estar preocupados com o que estava passando pela cabeça dos nossos representantes, hoje temos que estar em alerta o tempo todo e a todos os governantes. Medidas judiciais, manobras legislativas são como o mundo da moda. Tudo que é feito vira tendência. Idéias, ideologias, maneiras de gestão são importadas e são caras. Caras financeiramente para a organização chamada “governo” e caro para outra instituição chamada de “habitantes”. O governo gasta com a implantação, com a didática ensinada por executivos para realização do projeto de lei, desgaste político (incluí no financeiro, o político, porque também não nos iludimos mais e concluímos que no nosso arranjo, dinheiro é política e vice-versa). A população paga caro por medidas pensadas por outros. Medidas que não respeitam a cultura (lembre-se, não estou falando da medida da lei anti-fumo, mas do plano geral da abordagem), medidas que não respeitam a memória da nação. Depois reclamam que existem “leis que não pegam” no Brasil. Falam que é absurdo, que “se é lei, é lei”.

Para mim o mais importante da indignação do termo “pioneiro” foi refletir sobre as importações que acontecem aonde eu vivo. Refletir sobre o que querem passar para mim.

Dimenstein terminou sua coluna dizendo que “Está aí a importância do papel dos educadores de uma nação que não têm medo de ser pioneiros“. Eu tenho que discordar. E só discordo pelo contexto, não pela frase. Os “educadores” para serem pioneiros, devem pensar na nação cujo pioneirismo a represente.

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