terça-feira, 5 de outubro de 2010

Se é assim, eu mando um bilhete pra didi

As coisas estão um pouco confusas. Meio fora do normal. Deve ser o inferno astral que é a tpm do aniversário.Mas pelo hábito, ou mesmo pelo gosto, eu vim aqui.

O Paulo está na meia-idade. Ele é curvo, ele é pequeno. Tem um olhar mórbido e é esquelético. Quase ninguém olha pra ele. Ele é quase sem virtude alguma - quase. Paulo carrega 1 tronco de árvore que pesa mais que seu peso por 2 ou 3km. Ele, que morava em Garituba, voltou pra lá agorinha pouco ,faz 1mês . Passou 3 anos sem exercer sua excelencia, na verdade, não fazia nada.
Comia com dinheiro apostado, dormia com dinheiro apostado. Como a jogatina não é um campo que ele domina, as vezes não comia, muito menos dormia.
Quando chegou no Rio, era um poeta - fracassou. Virou pintor, não deu certo. Quando inspetor roubava a merenda das crianças - foi demitido. Virou andarilho - desistiu.
Na sua volta pra Garituba ele só pensa nos troncos que pode carregar. Na paz da floresta, no sabor do campo.
Garituba é campo e praia. Onde Norte e Sul. É sol e nublado. É tudo, mas é quase nada.

Quando Paulo chegar, vai mandar um bilhete pra Didi. Didi é uma companheira, uma amiga que Paulo arranjou. Didi certamente ficará contente em saber da desventura de seu amigo. O bilhete que ele ia escrever era assim:
"Didi, se eu tivesse triste, saberias
se tivesse arrependido, saberias
se soubesse o que passei louvarias
mais do que eu, a mim mesmo
Hoje sou mais pelo Rio,
mas não pretendo nem pensar
do Rio sendo modificado por mim.

Voltarei a carregar meus troncos."

E assim ele fez.
Nasceu, morreu, renasceu e morreu.


Fim.

Um comentário:

  1. esse texto é fantástico nêgo.Párabens!de uma forma simples e pragmática. genial.

    abraço

    ResponderExcluir